Apresentação das conferências
V Ciclo de Conferências «Literatura Escrita por Mulheres»
Entrada livre
Entrada livre
27 de Setembro de 2021:
«Ursula Kroeber Le Guin»,
por Maria do Rosário Monteiro (Universidade NOVA de Lisboa)
«Ursula Kroeber Le Guin»,
por Maria do Rosário Monteiro (Universidade NOVA de Lisboa)
Ursula Kroeber Le Guin (1929-2018), filha de dois importantes antropólogos (Theodora e Alfred Kroeber), distinguiu-se na literatura de ficção científica e de fantasia, tendo também uma considerável produção em literatura mainstream e poesia. Taoismo, feminismo, e questões sociais e ecológicas são algumas das temáticas presentes na sua obra, que serão abordadas nesta conferência.
Maria do Rosário Monteiro: Professora na FCSH – Universidade NOVA de Lisboa, doutorada em literatura comparada, é coordenadora do Grupo de Cultura e Literatura do CHAM-Centro de Humanidades. A sua tese de doutoramento versou sobre a obra de Tolkien e Ursula Le Guin, a primeira escrita em Portugal sobre estes dois autores. No CHAM coordena o projecto PHI, que tem por objectivo quebrar barreiras disciplinares e fomentar a inter- e multidisciplinaridade. Desde 2015 edita anualmente volumes do Projecto PHI na Taylor & Francis (sete volumes, estando no prelo o oitavo). O volume mais recente é Tradition and Innovation publicado em 2021.
28 de Outubro de 2021:
«Memória e pós-memória da Guerra de Angola em duas escritoras cubanas:
Karla Suarez e Wendy Guerra»,
por Raquel Ribeiro (University of Edinburgh)
«Memória e pós-memória da Guerra de Angola em duas escritoras cubanas:
Karla Suarez e Wendy Guerra»,
por Raquel Ribeiro (University of Edinburgh)
A literatura cubana sobre a guerra civil de Angola é, na sua maioria, escrita por homens, apesar do papel fundamental que muitas mulheres tiveram como internacionalistas na frente de guerra (como militares ou médicas, por exemplo). Dois livros escritos por duas autoras cubanas desafiaram a ideia masculina da presença de Cuba em Angola: esta comunicação lerá os romances de Wendy Guerra Todos se Van (2006) e de Karla Suárez El hijo del héroe (2017), e discutirá até que ponto este olhar feminino contribuiu para mudar a forma como Cuba se reviu (e revê) na experiência daqueles anos em África..
Raquel Ribeiro: É jornalista, escritora e professora universitária. Doutorou-se em Liverpool (Reino Unido), com uma tese sobre a ideia de Europa na obra da escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol, a que se seguiu o projecto de investigação pós-doutoral sobre testemunhos da presença cubana na guerra civil de Angola, no Centre for Research on Cuba, Universidade de Nottingham (Reino Unido). Em 2013 foi uma das primeiras bolseiras de Periodismo Cultural Gabriel García Márquez da Fundación Nuevo Periodismo Iberoamericano, na Colômbia. Viveu em Cuba e em Inglaterra. Sob o pseudónimo Maria David, publicou o primeiro romance Europa (2002), e vários contos. Este Samba no Escuro é o seu mais recente romance (Tinta-da-china, 2013). É colaboradora regular do jornal Público, onde escreve crítica e reportagem sobre literatura e cultura, desde 2001. Lecciona Literatura e Cultura em português na Universidade de Edimburgo, e vive na Escócia.
25 de Novembro de 2021:
«A sonda do tempo salazarista nas crónicas de Irene Lisboa»,
por Carina Infante do Carmo (Universidade do Algarve e Universidade de Lisboa)
«A sonda do tempo salazarista nas crónicas de Irene Lisboa»,
por Carina Infante do Carmo (Universidade do Algarve e Universidade de Lisboa)
É reconhecida a importância das crónicas de Irene Lisboa no registo do quotidiano banal das ruas e casas de Lisboa, das suas figuras populares e do trabalho, de ambientes domésticos e femininos, habitualmente invisibilizados. A crítica tem associado à escritora uma poética intimista de tom menor e âmbito feminino, em contraponto ao discurso oficial da nação e família salazaristas. No entanto, se é justa a leitura contra-hegemónica de Irene Lisboa, será mais preciso não a restringir a uma demarcação de género, que a própria refutou. Assim o entendemos, sobretudo com base no volume de crónicas Esta Cidade! (1942), em que, além de retratos singulares, se faz uma sondagem histórica, com foco colectivo e potência alegórica, às estruturas sócio-ideológicas do Portugal dos anos 1930-40.
Carina Infante do Carmo: Professora Auxiliar da Universidade do Algarve. Doutora em Literatura e Cultura Portuguesas. Membro do Centro de Estudos Comparatistas (FL-UL). Tem artigos publicados em revistas e edições nacionais e internacionais sobre autores portugueses novecentistas, o movimento neo-realista e a escrita autobiográfica, em particular sobre o género crónica. Entre as publicações mais recentes, evidenciam-se A Visagem do Cronista. Antologia de Crónica Autobiográfica Portuguesa - Séculos XIX-XXI (2 volumes, 2018) e A Noite Inquieta. Literatura Portuguesa, Política e Memória (2020).
27 de Janeiro de 2022:
«“Aquí nadie deja solo a nadie”: narrativas de lo colectivo en la obra de Belén Gopegui»,
por Cristina Somolinos Molina (Universidad de Alcalá)
«“Aquí nadie deja solo a nadie”: narrativas de lo colectivo en la obra de Belén Gopegui»,
por Cristina Somolinos Molina (Universidad de Alcalá)
En su extensa producción literaria, Belén Gopegui ha reflexionado acerca de las narrativas dominantes, de las inconsistencias del capitalismo neoliberal y de las posibilidades de construcción de una imaginación disidente a través de los textos literarios. La organización colectiva ocupa un lugar fundamental en sus textos, y en esta conferencia se presentará una propuesta de lectura centrada en las discusiones que suscita.
Cristina Somolinos Molina: Doctora en Literatura por la Universidad de Alcalá, con una tesis acerca de las representaciones del trabajo de las mujeres en la narrativa española contemporánea. Sus intereses giran en torno a la intersección entre los estudios feministas y la historiografía de la literatura española, así como al estudio de fuentes literarias en su relación con procesos sociales. Ha sido investigadora invitada en la Università degli Studi di Bergamo, la Université Bordeaux Montaigne y la Universidade Nova de Lisboa y ha participado en seminarios, congresos y publicaciones en relación con su ámbito de investigación.
24 de Fevereiro de 2021:
«Edite Soeiro, uma força do jornalismo e uma vida literária»,
por Carla Baptista (Universidade NOVA de Lisboa)
«Edite Soeiro, uma força do jornalismo e uma vida literária»,
por Carla Baptista (Universidade NOVA de Lisboa)
Esta comunicação visa dar a conhecer a vida, a figura e a obra jornalística de Edite Soeiro, bem como estabelecer as ligações que o seu amplo legado jornalístico – disperso em crónicas, entrevistas e reportagens escritas ao longo de 57 anos de carreira em vários jornais e revistas, incluindo também uma passagem de 30 meses pela editora Ulisseia – possui com a literatura. Nascida em 1934 em Angola, começou a trabalhar aos 16 anos no bissemanário O Intransigente, com sede em Benguela. Fixou-se em Lisboa em 1962, tendo-se apresentado na sede da revista Flama com um molhe de crónicas debaixo do braço. O diretor, Silva Costa, gostou desse cartão de visita e contratou-a. Foi na Flama que Edite Soeiro ganhou visibilidade como repórter. Dois grandes trabalhos destacam-se no conjunto deste período: a cobertura doas cheias na região de Lisboa em 1967 e dos Jogos Olímpicos do México em 1968. Daí passou para a direção da revista Notícia, também um caso muito singular no panorama da imprensa portuguesa, já que se tratou de uma revista com sede em Angola, fundada em 1959 e que a partir de 1966 passou a ter uma “edição metropolitana”. Edite Soeiro integrou e chefiou a redação da revista em Lisboa, até ao seu fecho, em 1972. Um dos seus orgulhos profissionais passa por uma grande reportagem sobre a emigração portuguesa em França e na Alemanha, publicada em várias edições d’ Notícia. Daí, passou para a chefia de redação da revista Flama, sendo um dos poucos casos de mulheres que ocuparam cargos de redação em órgãos de comunicação social antes do 25 de abril. A sua vida jornalística continuou depois no semanário O Jornal, no semanário Se7e e revista Visão. Foi galardoada com o prémio Gazeta de Mérito em 2006, tendo falecido em 2009.
Carla Baptista: Professora associada da UNL – FCSH, lecionando no Departamento de Ciências da Comunicação. É investigadora do ICNOVA e jornalista freelancer. As suas áreas de interesse são a história dos media e do jornalismo, media e género, media e política e media e cultura. Publicou vários livros sobre estas temáticas.
31 de Março de 2022:
«Retratos en claroscuro: un acercamiento a Balún Canán de Rosario Castellanos»,
por Armando Aguilar de León (Universidade NOVA de Lisboa)
«Retratos en claroscuro: un acercamiento a Balún Canán de Rosario Castellanos»,
por Armando Aguilar de León (Universidade NOVA de Lisboa)
Considerada a escritora mexicana mais importante do século XX, Rosario Castellanos (1925-1974) desenvolveu uma profunda reflexão sobre as problemáticas de grupos marginalizados. Na sua produção literária, - diversificada em poesia, romance, conto, drama, ensaio e géneros periodísticos - retrata, nomeadamente, a situação desvalorizada da mulher e a discriminação cultural sofrida pelos povos originários. Esta dupla denúncia conjuga-se no seu primeiro romance, Balún Canán, cujos eixos estruturantes são as suas emotivas lembranças de criança e um olhar penetrante sobre o quotidiano dos indígenas nos Altos de Chiapas, zona onde a sua família tinha uma posição económica privilegiada. O objetivo da conferência é, portanto, apreciarmos tanto a dimensão autobiográfica quanto a dimensão socio-histórica que determinam a construção narrativa de Balún Canán.
Armando Aguilar de León: Formado em Língua e Literatura na Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM), com estadas de estudo e de pesquisa na França e nos Países Baixos, Armando Aguilar de León faz parte do grupo de investigação do CHAM na área das Artes da palavra, da imagem e do som no mundo ibérico e ibero-americano. Suas linhas de interesse são a resignificação socio-histórica da mitologia heroica grega nas literaturas francesa e ibéricas e as representações mitológicas na plástica asteca (códices e esculturas). Quanto docente, desenvolve-se nas áreas do ELE e do FLE.
28 de Abril de 2022:
«Amelia Edwards e Mary Chubb: egiptólogas, viajantes, autoras. Imagens do Egipto nos séculos XIX e XX em literaturas femininas britânicas»,
por Guilherme Borges Pires (Universidade NOVA de Lisboa)
«Amelia Edwards e Mary Chubb: egiptólogas, viajantes, autoras. Imagens do Egipto nos séculos XIX e XX em literaturas femininas britânicas»,
por Guilherme Borges Pires (Universidade NOVA de Lisboa)
A segunda metade do século XIX e primeira do XX constituiu um período fundamental na luta pelos direitos das mulheres de elite no mundo ocidental. Em solo britânico, uma maior representação política foi acompanhada de um incremento de oportunidades profissionais e notoriedade pública, com ecos na então emergente disciplina da Egiptologia. Com efeito, várias mulheres lograram afirmar-se enquanto sujeitos e agentes promotores do saber egiptológico, ao mesmo tempo que se empenharam na disseminação do conhecimento e promoção de interesse pelo (antigo) Egipto, por meio da publicação de obras, algumas das quais se tornariam autênticos sucessos de vendas.
Esta comunicação centrar-se-á em duas dessas obras: o diário de viagem A Thousand Miles Up the Nile de Amelia Edwards (1877) e o livro de memórias Nefertiti Lived Here de Mary Chubb (1954). Tomando os seus testemunhos como ponto de partida, analisar-se-á o contexto de redacção e publicação destes textos, a par do seu conteúdo e acolhimento junto do público, sondando os discursos e narrativas aí contidos. Pretende-se assim indagar concepções e percepções, por um lado, sobre o Egipto (antigo e contemporâneo) e, por outro, alusivas ao lugar da(s) mulher(es) na academia e na sociedade.
Esta comunicação centrar-se-á em duas dessas obras: o diário de viagem A Thousand Miles Up the Nile de Amelia Edwards (1877) e o livro de memórias Nefertiti Lived Here de Mary Chubb (1954). Tomando os seus testemunhos como ponto de partida, analisar-se-á o contexto de redacção e publicação destes textos, a par do seu conteúdo e acolhimento junto do público, sondando os discursos e narrativas aí contidos. Pretende-se assim indagar concepções e percepções, por um lado, sobre o Egipto (antigo e contemporâneo) e, por outro, alusivas ao lugar da(s) mulher(es) na academia e na sociedade.
Guilherme Borges Pires: É licenciado em História pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa em 2013 e mestre em Egiptologia pela mesma instituição (2015). Actualmente, encontra-se a realizar a sua tese de doutoramento, focada nas concepções alusivas à Criação e ao Criador nos Hinos Religiosos do Império Novo egípcio (c. 1539-1077 a.C.), sendo bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Entre Setembro de 2016 e Dezembro de 2017, desenvolveu a sua pesquisa de doutoramento em Paris, tendo aí frequentado seminários da especialidade na École Pratique des Hautes Études - Centre Wladimir Golénischeff. Nos últimos anos, tem conduzido a sua investigação em Londres. Em Fevereiro de 2020, integrou o projecto "Scanning the covers and contents of historical Egypt travel magazines" promovido pela EES (Egypt Exploration Society, Londres, Reino Unido). É Investigador Integrado do CHAM - Centro de Humanidades (FCSH, Universidade NOVA de Lisboa, Universidade dos Açores) e editor da revista RES Antiquitatis – Journal of Ancient History.
26 de Maio de 2022:
«Natalia Ginzburg: infância e dicionário»,
por Clara Rowland (Universidade NOVA de Lisboa)
«Natalia Ginzburg: infância e dicionário»,
por Clara Rowland (Universidade NOVA de Lisboa)
As ideias de um dicionário privado e de uma língua própria do tempo da infância são trabalhadas com precisão em Lessico Familiare, de Natalia Ginzburg. Esta apresentação procurará rastrear as implicações dessas ideias de língua para uma teoria da ficção a partir de várias narrativas da autora italiana que têm como centro a relação entre infância e linguagem.
Clara Rowland é professora associada no Departamento de Estudos Portugueses da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e investigadora do Instituto de Estudos de Literatura e Tradição. Desenvolve o seu trabalho nas áreas da Literatura Brasileira, da Literatura Comparada e dos Estudos Interartes. As suas publicações na área dos Estudos Brasileiros incluem ensaios sobre Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Bernardo Carvalho, Raduan Nassar, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, entre outros. O seu livro A Forma do meio. Livro e narração na obra de João Guimarães Rosa foi publicado em 2011 pela Editora da Unicamp.